Carlos Drummond - Caixinha de sentimentos

Olá gente !

Como eu disse no post anterior sobre a obra de... Carlos Drummond , mês passado foi aniversário dele , e conhecendo melhor eu o adorei . Hoje vou postar três poemas dele. 
O primeiro é como me sinto e acredito ser uma verdade.

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. 
Tempo de absoluta depuração. 
Tempo em que não se diz mais: meu amor. 
Porque o amor resultou inútil. 
E os olhos não choram. 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho
E o coração está seco. 

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. 
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, 
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. 
És todo certeza, já não sabes sofrer. 
E nada esperas de teus amigos. 

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? 
Teus ombros suportam o mundo 
e ele não pesa mais que a mão de uma criança. 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios 
provam apenas que a vida prossegue 
e nem todos se libertaram ainda. 
Alguns, achando bárbaro o espetáculo 
prefeririam (os delicados) morrer. 
Chegou um tempo em que não adianta morrer. 
Chegou um tempo que a vida é uma ordem. 
A vida apenas, sem mistificação.


Esse segundo é uma coisa que sinto a muito tempo . Muitas pessoas que eu amava , quando me mudei , eu tive que me distanciar , principalmente após a morte um primo . Quando li ela , pude parar e refletir.

Por muito tempo achei que a ausência é falta

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Esse é o principal de Drummond , eu adoro , acho engraçado e muito reflexivo.

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Espero que tenham gostado. Comentem , digam poemas que vocês gostam , assim eu posso postá-los aqui.

Amy beijos Xo

Nenhum comentário :

Postar um comentário