Hoje a resenha vai ser um pouco diferente, vou resenhar um livro de poesias. Eu sou lenta ou não tem como , mas acho que não sei resenhar livros de poesia, por isso só vou dizer o que achei, explicar a estrutura do livro e postar uns poeminhas lindos "prôces" tá bom?
Vamos lá então
Esta reunião da poesia de Alberto Caeiro, "o guardador de rebanhos", integra a coleção de obras de Fernando Pessoa publicada pela Companhia das Letras, sempre com texto estabelecido por grandes especialistas. Aqui o trabalho de edição crítica ficou a cargo de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, autores também dos dois ensaios que integram o livro. Para Martins, de todos os heterônimos criados por Fernando Pessoa, Caeiro talvez seja o que corresponda a um "esforço de arquitetura" mais bem-sucedido. Uma das três partes de sua obra, "O pastor amoroso", "mostra-o em tudo contrário ao que se deseja e se projeta nas outras duas", enquanto O guardador de rebanhos e os "Poemas inconjuntos" contêm poemas "em que a personagem surge sob iluminações imprevistas, revelando aspectos que contradizem o seu ideal de Si-Mesmo e lhe conferem verossimilhança ficcional". Em Caeiro há uma "ciência espontânea", um "misticismo materialista" e uma "simplicidade complexa" - "atributos paradoxais que servem para intensificar e tornar crível a sua extraordinária singularidade". Nos textos de Fernando Pessoa manteve-se a grafia vigente em Portugal.
O livro é divido em partes. Começando com uma apresentação de Ricardo Reis e depois partindo para a parte poética, que é dividida em : O guardador de Rebanhos, O pastor amoroso e o meu favorito, poemas inconjuntos. Também tem alguns fragmentos, variações poéticas e duas prosas. Para finalizar tem alguns textos sobre Caeiro e um guia de gramática, nomes e índices.
Caeiro fala muito de natureza, eu senti que ele se comparava a natureza como um ser normal , que os seres humanos não são superiores a ela,ele diz a todo tempo que ele sabe que se ele morrer tudo continuará o mesmo e ele fica feliz por isso. Caeiro se mostra um homem inocente, cheio de dúvidas sobre religião, mas com muito caráter, como ele diz em um trecho do livro ele é completamente materialista e ateísta, mas só porque estes encontraram seu lado poeta.
Não sei muito o que dizer, só sei que adorei , sempre gostei de Caeiro e agora mais ainda, são poemas que de alguma forma te tocam. Acredito que a poesia não é compreendida e sim sentida, e só se sente se você passou pelo que é dito , alguns poetas me despertam esse sentimento, e um deles, principalmente, é Fernando Pessoa.
Vou postar aqui para vocês alguns trechos de poemas que gostei , e os poemas completos serão postados no decorrer do mês.
O guardador de rebanhos.
"[...]O único sentido íntimo das cousas
é elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi,
se ele quisesse que eu acreditasse nele,
sem dúvida viria falar comigo
e entraria pela minha porta adentro
Dizendo-me , Aqui estou!
( Isso é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina. )
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos pelos ouvidos
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes, e o luar e o sol
Para que lhe chamo de Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e luar e sol;
Porque, ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar, árvores, flores e montes
Se ele me parece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol .
E por isso eu obedeço-lhe
( Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?)
Obedeço-lhe a viver espontaneamente,
como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo.
E ando com ele a toda hora. "
Poema V
Pastor amoroso
" Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações
Não sei o que hei-de fazer comigo.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.
Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém.
Poema IV
Poemas inconjuntos
"A espantosa realidade das coisas
é a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém o quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta
Basta existir para se ser completo. .[...] "
Espero que vocês tenham gostado, deixe um comentário aqui para eu saber o que vocês acharam.
BEIJOS!!!
AMY XO
AMY XO
Amei, depois vou pegar emprestado com você.
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